A cidade de Orlândia, no início do século XX, crescia ao redor da Estrada de Ferro Mogiana com uma população constituída por muitos agricultores e imigrantes, que se dedicavam ao plantio de café. No entanto, o comércio e a indústria, em pleno desenvolvimento, necessitavam de pessoas escolarizadas e com melhor profissionalização.
O então deputado estadual orlandino Oswaldo Ribeiro Junqueira, sensibilizado com esta situação, apresentou a proposta de instalação de uma escola profissionalizante na cidade. Tendo seu pedido atendido, a escola que deu origem à atual ETEC foi criada em 23/02/1948, pela Lei nº 77, e instalada no ano seguinte, em 25 de junho de 1949, conforme os moldes do Decreto-Lei nº 16.108, de 14/09/1946, com a denominação de CURSO PRÁTICO DE ENSINO PROFISSIONAL.
Instalada na ala direita, em cinco salas cedidas, do prédio do então Ginásio Estadual de Orlândia (atualmente Escola Estadual “Oswaldo Ribeiro Junqueira”), oferecia cursos práticos de dois anos de Mecânica Geral e cursos femininos de Corte Costura e Bordados, nos períodos da manhã e da noite.
Entrada principal do prédio onde foi instalado o curso prático profissional
A foto acima constitui a única memória iconográfica do Curso Prático Profissional de Orlândia, provavelmente realizada por um profissional em alguma ocasião específica e sem data definida, e apresenta as pessoas em poses não espontâneas, na ala direita do prédio onde tal curso foi instalado inicialmente. Acima, ao lado da janela, encontra-se o diretor Jacinto do Amaral Narducci e os professores Lázaro de Oliveira e Luiz Fregonesi Filho. Abaixo, ao lado da janela e de óculos, Cyerina Machado Narducci, esposa do diretor Jacinto, e as professoras Maria Tereza Chiaramonti e Maria Bertrami, ambas de Economia Doméstica. Os professores Lázaro de Oliveira e Luiz Fregonesi Filho tornaram-se diretores da escola; a professora Maria Tereza mudou-se para outra cidade, e a professora Maria Bertrami constituiu família e, em sua homenagem, o teatro da cidade recebeu seu nome.
O acanhado curso prático foi ganhando importância no município, e em 21 de janeiro de 1954, por meio da Lei nº 16.108, passou a ser denominado de ESCOLA ARTESANAL, que, com melhorias curriculares, ofereceu a partir de 1958 os cursos de aprendizagem profissional em séries únicas de Iniciação de Torneiro Mecânico, Desenho, Corte e Costura e Serviços Domésticos. Estes cursos, com currículos adequados, proporcionavam aos alunos a possibilidade de continuidade de estudos em Escolas Industriais de Franca e Ribeirão Preto, que por sua vez ofereciam cursos com quatro séries de 08 aulas diárias, de segunda a sábado.
Com o aumento do alunado oriundo de cidades vizinhas como Sales Oliveira, Morro Agudo e Nuporanga, além da cidade de Orlândia, a escola necessitava de instalações mais amplas. Nesta época, a Prefeitura Municipal mudou para um prédio na Praça Coronel Orlando, e suas antigas instalações foram cedidas para a Escola Artesanal.
O prédio, localizado na Avenida do Café, nº 367, foi recebendo melhorias, e além das salas de aulas, contava com quadras de esportes, salas para artes industriais, almoxarifado, cozinha e laboratórios para aulas práticas.
Prédio principal com entrada pela rua Hum
Em 30/04/1963 a Escola Artesanal se transformou em INDUSTRIAL, conforme publicação do decreto 41.895 no Diário Oficial do Estado, oferecendo três cursos profissionalizantes de quatro séries: Mecânica Geral, Economia Doméstica e Corte e Costura e Bordados, com equivalência ao Ginásio Estadual, além de cursos avulsos como Pintura, Ajustagem Mecânica, Ornamentação e outros.
Prosseguindo sua trajetória de sucesso, representada pelo aumento do alunado e reconhecimento de seu trabalho pela comunidade, por meio do Decreto-Lei nº 44.533, de 19/02/1965, a escola teve seu nome alterado para GINÁSIO INDUSTRIAL ESTADUAL DE ORLÂNDIA, com autorização para expedição de diplomas com validade nacional, passando a oferecer, além dos cursos profissionais já existentes, o ginasial industrial. Com mais de 700 alunos, se impôs como um sistema de ensino com cursos básicos e profissionalizantes.
A foto acima, pertencente ao acervo do Centro de Memória da Etec Prof. Alcídio de Souza Prado, provavelmente foi realizada por um profissional em algum evento comemorativo, em meados de 1965. Nela encontram-se fotografados o diretor Luiz Fregonesi Filho à direita, e os professores de cultura técnica, a partir da esquerda, Emílio Misao Mishima, Adonae Rodrigues de Lima, Vanor Simões e Paulo Affonso Perujo, no pátio interno do prédio principal da Rua Hum com a Avenida do Café.
Em 15/05/1968 a escola passou a ser denominada GINÁSIO INDUSTRIAL ESTADUAL “PROFESSOR ALCÍDIO DE SOUZA PRADO”, em homenagem ao brilhante professor orlandino, por meio da Lei nº 10.114.
A unidade escolar de Orlândia, que em 1974 havia comemorado seu jubileu de prata, conforme a Lei 5692/71, passou a oferecer o I Grau da 5ª a 8ª série, em substituição ao curso ginasial industrial, que foi sendo extinto e finalizado em 1978.
Desfile comemorativo dos 25 anos do Ginásio Industrial
Conforme autorização da Resolução SE nº 11, publicada em 14/02/1975, a escola ganhou um novo status ao abrigar também o II Grau, com as habilitações de Auxiliar Técnico em Mecânica e Técnico em Economia Doméstica, mediante autorização da Portaria C.E.I. de 44/75, em atendimento à redistribuição da rede física de escolas estaduais, imposta na época.
A Resolução nº 13, de 21/01/1976, da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, concedeu à escola a denominação de CENTRO ESTADUAL INTERESCOLAR “PROFESSOR ALCÍDIO DE SOUZA PRADO”. Ainda em 30 de março de 1976, no aniversário da cidade, foi inaugurado o prédio atual, com capacidade de acolhimento de cursos oriundos de outras escolas da cidade como o Magistério, com ampliação significativa da quantidade de alunos e da equipe escolar.
Desta forma, estava concretizado, pela magnitude e modernidade da imponente construção, que o acanhado Curso Prático Profissional, instalado em 1949 havia, em 25 anos, se projetado como uma escola com grande representatividade social perante a comunidade.
Com o oferecimento de classes de II Grau, mais uma vez a escola teve sua denominação alterada para ESCOLA ESTADUAL DE SEGUNDO GRAU “PROFESSOR ALCÍDIO DE SOUZA PRADO”, conforme o artigo 2º, Inciso I do Decreto nº 7.400/75. Porém, logo em 30/01/1980, com fundamento no mesmo decreto acima citado, e por receber uma clientela a partir da primeira série do primeiro grau, remanejada compulsoriamente de outras escolas da cidade, a denominação da escola foi alterada para ESCOLA ESTADUAL DE PRIMEIRO E SEGUNDO GRAU “PROFESSOR ALCÍDIO DE SOUZA PRADO”.
A partir de 1.988, o I Grau, instituído com a implantação da primeira série desde 1.980, em complemento à missão educacional requerida pelo Magistério (recebido do Instituto de Educação de Orlândia, em 1976) foi sendo retirado gradativamente.
A escola sofreu outra mudança de denominação em 1989, por meio da Resolução SE nº 33 de 04/02/1989 para ESCOLA TÉCNICA DE SEGUNDO GRAU “PROFESSOR ALCÍDIO DE SOUZA PRADO”. A ETESG contava em 1989 com os seguintes cursos: 1º Grau, com 3ª e 4ª séries, e 5ª a 8ª Série, Magistério, II Grau integrado com habilitação plena em Contabilidade, e o denominado Inciso III, com II Grau desvinculado do Técnico.
O prédio escolar recebeu uma ampliação significativa, inaugurada em 31 de Março de 1.991, na administração do então governador de estado Orestes Quércia, com a presença do Secretário da Educação Wagner Rossi, e continuou oferecendo os cursos de I Grau, com 5ª a 8ª Série (até 1.994), Magistério (que permaneceria até 1992), o II Grau com Inciso III (até 1991), e os integrados com Técnico de Desenhista Mecânico, Processamento de Dados e Contabilidade, sendo que os dois últimos persistiram além da década de 1990.
No final de 1993, a escola, juntamente com mais 80 escolas técnicas da Secretaria Estadual da Educação paulista (das quais 35 agrícolas), passou para o Centro Paula Souza, instituição na época com 21 unidades, que assim teve quadruplicada sua rede, aumentando a capilaridade e a diversidade de habilitações.
De acordo com seu site, em 2018, o Centro Paula Souza é uma autarquia do Governo do Estado de São Paulo, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDECTI). Presente em aproximadamente 300 municípios, a instituição administra 221 Escolas Técnicas (Etecs) e 68 Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais, com cerca de 290 mil alunos em cursos técnicos de nível médio e superior tecnológicos. Suas atividades foram iniciadas em 1969, com o oferecimento de cursos técnicos de nível superior nas áreas de construção civil e mecânica, e cursos de qualificação noturnos.
Portanto, em 1993 e 1994, as escolas técnicas públicas paulistas, pertencentes à rede da Secretaria de Educação, foram transferidas para a Secretaria da Ciência e Tecnologia, e desta para a rede do Centro Paula Souza, por imposição dos decretos de nº 37.375 e anexos, de 27/10/1993, pelo qual a instituição recebeu 82 unidades, e o de nº 38.309, de 30/12/1993, com mais uma escola, totalizando 83 escolas incorporadas, a partir de 1994. Como já foi enfatizado, entre estas escolas se encontrava a ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PROFESSOR ALCÍDIO DE SOUZA PRADO, que na época desta passagem histórica, contava com cursos integrados de nível médio e técnico nas habilitações em Desenhista Mecânico, Desenhista de Arquitetura, Contabilidade, Processamento de Dados e Enfermagem, e curso de qualificação básica em Mecânica.
Em 1999 a escola comemorou 50 anos por meio de sessão solene no pátio da escola, com a presença da comunidade em geral, autoridades, familiares do patrono, professor Alcídio de Souza Prado, professores e diretores que integraram a trajetória desta unidade escolar.
No ano de 2007, o Centro Paula Souza passou para a Secretaria de Desenvolvimento do estado de São Paulo, e as escolas técnicas da rede, anteriormente denominadas como ETEs mudaram para ETECs, porém prevalecendo o nome por extenso de ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PROFESSOR ALCÍDIO DE SOUZA PRADO.
Em junho de 2009, a escola comemorou 60 anos, com eventos organizados por uma comissão de professores, nos três períodos escolares. No período da manhã foi realizado o plantio de árvores no entorno do prédio da escola, no período da tarde os diretores que fizeram parte da trajetória da Etec foram homenageados, com seus nomes dedicados à vários recintos do prédio, e no período da noite houve a sessão solene, no Salão de Eventos, com a participação da comunidade em geral e autoridades. Os destaques da cerimônia compreenderam depoimentos de ex-alunos, e o lançamento pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, de um selo comemorativo, no qual se encontra a figura do patrono da escola, Prof. Alcídio de Souza Prado, tendo ao fundo um desenho do prédio atual da escola.
Selo comemorativo dos 60 anos
A partir do segundo semestre de 2009, a ETEC também contou com três classes em extensão na cidade de Sales Oliveira, conforme o Plano de Expansão II da instituição ao qual pertence, que foram desativadas em no final de 2016
Em 2010 a Etec comemorou, juntamente com a comunidade orlandina e região, o centenário da cidade de Orlândia, em 30/03/2010, com eventos comemorativos cívicos, culturais e populares. Dentre estes, destacaram-se a colocação de um baú, enterrado no jardim da Praça Coronel Francisco Orlando, com mensagens de alunos e cidadãos da cidade, para ser reaberto daqui a 30 anos, o desfile cívico na manhã de 30/03/2010 (precedido de alvorada musical pela Corporação Musical e Fanfarra musical), cujo tema foi “Resgatando a História de Orlândia”, com a participação das escolas, colocadas por ordem de instalação, sendo a Etec Alcídio a terceira escola fundada em Orlândia em 1949, acompanhada pela fundação da Associação de Proteção à Maternidade e Infância Casa da Criança Getúlio Lima. Também no mesmo desfile cívico foram homenageados o Grupo Escolar de Orlândia (Coronel Orlando) fundado em 1914, e a Escola Estadual Oswaldo Ribeiro Junqueira (fundada em 1922), como também ex-professores orlandinos, verdadeiros baluartes da educação da cidade, já falecidos: prof. Geraldo Rodrigues, prof. Cyro Armando Catta Preta, e prof. Azis Abrahão.
A foto abaixo refere-se ao Desfile Comemorativo dos 100 anos de Orlândia, com a Diretora da escola, professora Maria Teresa Garbin Machado e a professora Maria Inês Cutlac levando a foto do patrono, professor Alcídio de Souza Prado.
Durante sua trajetória, a Etec Alcídio teve os seguintes diretores: Jacinto do Amaral Narducci (25/02/1949 a 02/02/1951), Onofre Sebastião Gosuen (02/02/1951 a 14/04/1952), Lázaro de Oliveira (14/04/1952 a 06/06/1959), Luiz Fregonesi Filho (06/06/1959 a 22/12/1982), Conceição Aparecida M. Ferreira Jorge (1980- 1983), Edna Segantini (1980- 1983), Emílio Misao Mishima (1987), Adone Rodrigues de Lima (1984- 1995), Maria Inês Cutlac (1996- 2004), Maria Teresa Garbin Machado (2004- 2012), e Luiz César Petita, de 2012 aos dias atuais.
A missão de oferecimento de ensino gratuito de qualidade perpassou desde o oferecimento do 1º grau (de 1975 a 1988), Ensino Fundamental (de 1989 a 1994), Supletivo de Ensino Fundamental (de 2000 a 2002), Supletivo de Ensino Médio (de 1999 a 2003), Magistério (de 1976 a 1992), extensão (Escola Profissionalizante Vale do Rosário, em 1981), classe descentralizada de Técnico em Enfermagem, na cidade de Morro Agudo (2001 a 2002), cursos extraordinários (profissionalizantes das décadas de 1940 e 1950), cursos avulsos de Pintura (de 1966 a 1967), qualificação básica, ensino de II Grau/Médio, com todos os percalços impostos pelas legislações de época, denominados como, técnicos setoriais primários, secundários e terciários, Inciso III, integrados como o ETIM- Técnico de Informática Integrado ao Ensino Médio (a partir de 2012) e o M-TEC: ensino Médio com Habilitação Profissional de Técnico em Administração (a partir de 2018), e finalmente, com os cursos profissionalizantes e Técnicos de Administração (desde 2000), Comércio (2011 a 2012), Contabilidade (1986 a 1999, e 2008 aos dias atuais), Desenhista de Arquitetura (1993 a 1995), Desenhista mecânico (1976 a 1987), Economia Doméstica (1975 a 1978), Enfermagem (desde 1994), Farmácia (2004 a 2009 e segundo semestre de 2010 até os dias atuais), Finanças (desde 2014), Informática (desde 1999), Informática para Internet (2010 a 2014, e de 2017 aos dias atuais), Jurídico (2009 a 2014), Logística (2009 a 2011), Marketing e Vendas (2004 a 2008), Marketing (desde 2010), Processamento de Dados (1990 a 1999), Recursos Humanos (desde 2013), Vendas (2009), e Secretariado (de 2009 a 2013).
Torna-se importante registrar que os cursos de Farmácia e Recursos Humanos foram gestados e instalados primeiramente nesta Etec.
Além do trabalho pedagógico da unidade escolar, é de grande relevância a atuação discente de todos os cursos em projetos sociais, nos quais os alunos, ao participarem como voluntários em arrecadação de alimentos, materiais de higiene pessoal e roupas em eventos realizados durante o ano letivo, procuram minimizar as necessidades de instituições como Asilos, Creches, Associação dos Deficientes Físicos, e outras. Esta vivência cidadã teve seu reconhecimento por toda a comunidade, sendo premiada por quatro anos consecutivos (2005/2006 e 2007/2008) com o selo de Escola Solidária, do projeto Faça Parte.
Atualmente instalada na região central da cidade, em um moderno prédio de dois pavimentos que, além das salas de aula, conta com laboratórios de Informática, Gestão, Contabilidade, Farmácia e Enfermagem, Sala de Leitura, Salão de Eventos e quadra coberta, em sua trajetória histórica, a Etec Alcídio atende à clientela da região, inserida de maneira respeitável perante a comunidade Neste contexto, tornou-se uma referência de qualidade de ensino gratuito, não somente na cidade de Orlândia, como também na região, ao receber estudantes das cidades de Guará, Sales Oliveira, Morro Agudo, Nuporanga, Ipuã e São Joaquim da Barra.
Fachada da escola
REFERÊNCIAS
CENTRO PAULA SOUZA. Quem somos. s.d.a. Disponível em: <http://www.cpscetec.com.br>. Acesso em: 27 fev. 2018.
ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL Professor Alcídio de Souza Prado. Centro de Memória. Orlândia, 2018.
MACHADO, Maria Teresa Garbin. O ensino profissional estadual paulista nos anos de 1940 a 1970: trajetória na cidade de Orlândia. 2014. Tese (Doutorado em Educação Escolar) – Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista. Araraquara, São Paulo.
MACHADO, Maria Teresa Garbin. Uma análise histórica do Ensino Profissional: do ensino artesanal à implantação do currículo por competências numa unidade da rede de ensino técnico estadual paulista. Dissertação (Mestrado em Educação Escolar) – Centro Universitário Moura Lacerda, Ribeirão Preto, São Paulo. 2007. 148 p.